Altar

by Broto Verbo

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BROTO VERBO - Altar

A minha alma é uma névoa
que se adensa ao virar de cada esquina.
A minha alma é um lamento,
é redenção e purgatório.
A minha alma é uma sombra,
é um poço fundo que no escuro se ilumina.
A minha alma é uma saudade,
é pouso incerto, é lar sem território.
A minha alma é um gemido em vão,
sistema amorfo que na luz se extermina.
A minha alma é um queixume,
é um colapso na fase terminal.

Em quantas almas, afinal,
me encontro eu a existir?
De quantas almas, afinal,
serei eu dono sem sentir?

O meu corpo é um abraço,
é uma memória calorosa de infância.
O meu corpo é uma cidade
onde os homens afagam todas as dores.
O meu corpo é uma chegada,
é uma partida, é um adeus, é uma ausência.
O meu corpo é um altar,
lugar profano repleto de pecadores.
O meu corpo é um leve esboço,
é um ensaio, é uma experiência.
O meu corpo é um desejo ardente
em estado puro e seminal.

Em quantos corpos, afinal,
me encontro eu a existir?
De quantos corpos, afinal,
serei eu dono sem sentir?

credits

released December 1, 2020
Música, Letra, Vozes: Broto Verbo
Capa: Anna Avilova

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Broto Verbo Leiria, Portugal

Ode Filípica's side-project exclusively sung in portuguese.

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